domingo, março 29, 2009

Dreams








«Mamã, quando for grande tenho que ser só uma coisa?

Como assim?

Só um trabalho..? Porque eu queria ser mais coisas..
Queria ser pintora, actriz e escritora..Mas também gostava de ser médica dos animais, cantora, e aquilo que tu fazes.»




A génese da polivalência, mas no bom sentido, na cabeça de uma criança de seis anos.

Deixa-me a pensar em tudo o que sonhei querer ser e que já me esqueci.

Mas em retrospectiva acabei por fazer o que sempre quis mais intensamente. Tenho prazer no que faço e continuo a achar que vale a pena, no balanço geral.

É verdade que me passou ao lado uma carreira (certamente fantástica) no mundo da Medicina, mas o horror aos jorros de sangue assim o ditaram.

E, paralelamente, acabo por fazer um pouco de tudo o que sempre gostei, mesmo que não viva disso.

Escrevo, muito e sempre. No trabalho e fora dele.

Risco os meus desenhos.

E represento muitas vezes ao dia, uma vezes por diversão, outras por necessidade de máscaras.

E canto, sempre. Por necessidade, que acaba por ser mais forte do que a vergonha..

Temos gostos parecidos. Mesmo que fisicamente quase nada tenhamos em comum, vejo-me muitas vezes nos pensamentos da minha filha, nas expressões, e nalgum mau feitio, é verdade, que às vezes se confunde com persistência..

E aprendo com ela, nestas perguntas que nos relembram que tudo ja foi possível um dia, e que bem vistas as coisas não há razão nenhuma para que não possa voltar a ser.

Tu, minha querida, podes ser sempre tudo o que quiseres! Haja vontade, talento e prazer..

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