Sempre que abre a janela, sabe que o dia vai ser decidido ali, naquele momento.
Não sabe explicar porquê.
A cor da luz, o cheiro da chuva, a intensidade do trânsito, a cor da roupa estendida, o carro mal estacionado poderão ser factores importantes, mas não decisivos.
Não sabe.
Mas depois de voltar os olhos de novo para o quarto, ainda quente, está decidido.
Sabe que rádio ouvir, a roupa a escolher, o perfume que o acompanhará ao longo do dia ou talvez mesmo a sua ausência, por desnecessária.
Sabe se vai ter sorte na saída rotineira e talvez nem dormir em casa..
As certezas perseguem-no e matam qualquer possibilidade de acasos.
Cansam.
Não sente tremores nem ataques de calor pelo prazer e medo do que virá.. já sabe.
Não imagina o que serão borboletas no estômago e inveja-o.
Hoje, por convicção, nem se aproximou.
Correu para o banho e não sabe.